segunda-feira, 1 de março de 2010

RESTOS DE SABONETE

Minha vida é feita de desafios.
Em 1974 fui morar na casa da estudante de Caicó, que na epoca ficava alí na praça Dr. josé Augusto, Eram umas cinquenta moças com idade acima de 20 anos, então eu era a mais nova de todas. Algumas me protegiam, outras me maltratavam e assim continuei até 26/09/1980.
Reclamava-se muito da qualidade e quantidade da comida, eu não, pois era muito melhor que a da casa dos meus pais, e como sempre gostei de trabalhar, os vizinhos sempre me chamavam para lavar uma pia de pratos, passar pano, cuidar de crianças etc... Então quando faltava comida comida na Casa eu sempre tinha um vizinho que me socorria.
Entre aquelas que me protegiam tinha uma por nome Maria do Socorro que me dava muitos restos de sabonete (pois até isso me faltava) ja que a mesma só usava o sabonete até metade.
O tempo passou, eu estudei, consegui emprego, casei, tive filhos, fiquei com a vida toda organizada, Graças Deus. Aí essa amiga Maria do Socorro continua morando em Caicó e vez por outra encontra minha filha e repete sempre: Ah, você é filha de Dinorá não é? Já pensou, ela está é bem, tanto resto de sabonete que eu dei pra ela.
Dia desses minha filha chegou em casa revoltada, me contando que mais uma vez a história foi contada e na frente de seus amigos. Eu dei uma boa gargalhada, com seu jeito irritado, e lhe respondí: Minha filha aqueles restos de sabonete foi o que mais me deu impulso para vencer na vida, criar vocês ensinando que pobreza não faz vergonha a ninguem, que o trabalho só enobrece e que devemos sempre ajudar a quem precisa, porque nunca nos falta, pelo contrário tudo se multiplica.
Tenho o maior orgulho de contar para todos a minha caminhada.
Obrigada Socorro pelos restos de sabonete que me fizeram tão bem.

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